quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Lenda da Padroeira e da Igreja Matriz de Saquarema

A cidade de Saquarema possui uma Igreja de incalculável valor histórico, cuja história real se confunde com o miraculoso. Conta a sua lenda que:


"... Em oito de setembro de 1630, a noite fora tempestuosa. O vento soprando sobre o mar bravo, fazia com que o oceano rugisse cada vez mais, atirando ondas revoltadas sobre a costa. Muitas árvores foram derrubadas e as pequenas casas de pau e pique, cobertas de palha, erguida a margem da lagoa, como por milagre suportavam o golpe da tempestade. De repente, a chuva parou, o vento distendeu, mudando de direção, o mar começou a beijar meigamente a areia branca da praia imensa e os primeiros clarões do dia, pela aproximação do sol, transformaram o oriente em uma enorme pétala de rosa. Os pescadores, cantando loas ao criador, correram para o mar, em busca das suas canoas e redes. Índios, mulheres e crianças os seguiram, alegres e felizes para vê-los partir, em busca do deserto silencioso das águas, onde os peixes, como barras de prata, nadavam aos cardumes. Gritos de admiração partiram de muitas bocas: Milagre! Milagre! Ali, naqueles penedos que se perdiam ao longe, fazia a doce imagem Virgem, imagem que no fragor da tempestade fora arrojada a costa pelo mar irado. Da sua boca partia um doce sorriso que parecia acalmar as almas de toda aquela pequena e boa população. E logo, a boa nova se espalhou de choupana em choupana. Em grande romaria transportaram a santa para a casinha tosca ao lago da lagoa. 
Conta–se que a imagem de Nossa Senhora de Nazareth – nome dado à imagem da Virgem – no dia seguinte ao seu aparecimento não mais estava, na casinha tosca onde fora colocada por mão misericordiosas. Quem a tiraria da casinha? Só soube que Nossa Senhora de Nazareth, fora, de novo encontrada no mesmo lugar da praia, onde surgira. Removeram-na. E mais uma vez Ela desaparecera.. Aí, um padre Carmelita, sesmêiro do Carmo, no lugar de Ipitangas, faz ver ao povo que era preciso construir uma capela. Dessa feita, porém o povo julgando ver em todos aqueles acontecimentos uma ordem do céu, construíram no alto da colina, onde hoje existe a vestuta Matriz, uma capelinha; e o povo em romaria carregou a Santa para o seu nicho..."



Em 1660, antes de agosto, o Cap. Manoel de Aguilar Moreira e sua esposa, Dona Catharina de Lemos, transformaram a capelinha na igreja tendo o provimento do Bispo do Rio de Janeiro, D. José de Barros Alarcão, de curada e filial a Matriz de Nossa Senhora da Assunção em Cabo Frio a cujo município pertencia o território de Saquarema. Essa Igreja foi em 1675 substituída por uma de maiores proporções construída de pedra e cal.

Por alvará de 12 de janeiro de 1755, foi elevada à freguesia, em resolução de Sua Majestade, de 29 de novembro de 1750 e a 13 de novembro do mesmo ano foi criada e eregida de natureza colátera e para seu primeiro pároco colado foi apresentado aos 16 de janeiro de 1755, o Ver. Padre Antonio Moreira, que depois de colado foi empossado pela provisão de conformação de 23 de abril do mesmo ano de 1755. Arruinada a Igreja, os moradores da margem setentrional da lagoa de Saquarema apresentaram ao Bispo Dom José Caetano da Sila Coutinho o seguinte requerimento: “Senhor, dizem os moradores principais da freguesia de Saquarema, que pela Provissão inclusa mostram os supl., que o Exmo. E Revmo. Bispo Capelão Mor designara certo lugar mencionado na mesma para a construção da igreja, que deve ficar servindo de Matriz, se não podem eregir Igrejas sem licença expressa de Vossa Majestade seja servido fazer-lhes a Graça de Revalidar a Concessão inclusa, mandando passar-lhes a competente Provisão, para em virtude d’ela dar-se princípio à obra, como está determinada P. a V. Majestade se digne de fazer aos sup. a graça a que aspiram.E. R. Mace. P. em 24 de outubro de 1820  . Procurador Custódio José Coelho.”
Atendendo a reclamação mandou o Bispo que fosse levantada a nova Matriz no lugar denominado Boqueirão do Engenho, nas 50 braças de terra que para esse fim doava o Tenente Luiz José de Almeida. Construída a nova Igreja para lá levaram a Santa em Procissão, e com solene rito, colocada a Excelsa Virgem em seu novo nicho. No dia seguinte grande grupo de romeiros dos arrabaldes, sentados nos lageados das calçadas, esperavam do sino as badaladas, chamando todos para a Santa Missa. O silêncio, que até então reinava, foi quebrado pelas vozes do clero: “A Santa não estava onde fora colocada, desaparecera." Como das outras vezes encontraram a Santa nos alicerces de sua velha Igreja. 
O povo vendo nisso um milagre, tendo à frente o vigário – Antônio Joaquim de Freitas, deu logo começo à construção de uma Igreja, prestando-se homens, mulheres e crianças ao carreto de pedra, cal e madeira para a construção, e já em 1837 a substituíram pela Matriz atual que é incontestavelmente uma dos templos Católicos mais importantes do Estado do Rio e quiçá do Brasil, não só pela sua beleza arquitetônica, arrojado empreendimento dos nossos antepassados, como pelas tradições milagrosas da Sua Excelsa Padroeira a Virgem de Nazareth. Pela construção da nova Matriz concluída em 1837, ficou sem feito a provisão de 12 de maio de 1820. Da provisão datada de 1675, que se acha registrada nas fls. 95 do livro 9, dados obtidos da freguesia de São Sebastião do Rio de Janeiro, conta que a imagem de Nossa Senhora de Nazareth, fora achada milagrosamente na costa do mar bravo de Saquarema, entre uns penedos em que batia o mar, no dia 8 de setembro de 1630.


(trechos retirados do endereço: http://pnsranazareth.blogspot.com/p/historia.html)

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